domingo, 10 de março de 2013

|fantasia boba|

Ridiculagem a gente vê solta
De pessoas que se vestem do outro
E profanam a essência de si
Que imagens mostrarão esses espelhos?
 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

|folha em branco|


ela iria de novo
ao começo

iniciaria tudo
de novo
refazendo-se
por completo

mas, para não errar de novo,
precisaria ainda saber
tudo o que o ontem lhe deu

fica então a pergunta:
como voltar
sem devolver-se?

 

|tradição|


todas as coisas
lhe eram pesadas

simplesmente não entendia
e lhe doía não entender

existia,
e isso lhe bastava

a vida se dividia
em dualidades
essa era sua crença:
e ponto.

acordava e dormia
trabalhava e comia
e passava os seus dias
a praguejar
sobre todos aqueles
que sorriam
sorrisos bobos

que a vida,
pensava ele,
era para ser
levada a sério.

 

|coração partido|


doía dor igual
ao parar do relógio

sem tempo,
tudo era eterno

a tragédia de si
lhe comovia a tal ponto
que já não esperava nada

com amargura,
via a vida cinza de cor

inerte,
julgava ser
o mais injustiçado
dos homens.

 

|moribundo|


do canto do olho
olhava o mundo

ressabiado
andava vagaroso
nervoso
sem direito de ser

tinha quatro sonhos:
reconhecer o espelho,
ouvir sua própria voz,
erguer-se com seus pés
e verdadeiramente despertar.

 

|basta|


entendeu
que o fim
acontece
quando surge
o ponto final.

 

|gozo|


molhada
de vida
estava
toda
até o sorriso.

 

domingo, 11 de setembro de 2011

|terra de si|


lá onde foi-se
transformou-se

que quando se vai
já não se volta
o mesmo.

 

|orgulho|


feito estava
que já não aprendia
mais.

 

|entendimento|


menino,
fazia-se todos os dias

rapaz,
aprendeu o nome das coisas

velho,
fez questão de desaprender
para voltar a fazer-se.

 

|decepção|


vende-se uma convicção
não é nova,
mas dela fez-se pouco uso.

 

|receita|

agigantar-se
até não se ser mais o mesmo.

 

|riqueza|

tem uma flor lá fora
pequenina, pequenina
ela balança com o vento
ela se deita com a água

mal recoberta de terra
ela espia diminuta
a grandeza de tudo

a flor é tão nada
no tudo gigantesco que há
que de tão insignificante
significa justamente a complexidade de tudo.

 

|repetição|

pequenos incômodos
de um mundo gigante
tempestades de vínculo
das mãos que se dão
fez-se que o outro
é tão diferente
da gente

e lá trás a gente pensa
que lá na frente
tudo passará.

 

|desfecho|

têm coisas que são assim:
nos aumentam
têm coisas que são assim:
não se aguentam

têm coisas que simplesmente
ficam
têm coisas que simplesmente
passam

têm coisas que reconhecemos
como um pedaço encontrado
daquilo que sonhamos ser.