segunda-feira, 12 de setembro de 2011
|folha em branco|
ela iria de novo
ao começo
iniciaria tudo
de novo
refazendo-se
por completo
mas, para não errar de novo,
precisaria ainda saber
tudo o que o ontem lhe deu
fica então a pergunta:
como voltar
sem devolver-se?
|tradição|
todas as coisas
lhe eram pesadas
simplesmente não entendia
e lhe doía não entender
existia,
e isso lhe bastava
a vida se dividia
em dualidades
essa era sua crença:
e ponto.
acordava e dormia
trabalhava e comia
e passava os seus dias
a praguejar
sobre todos aqueles
que sorriam
sorrisos bobos
que a vida,
pensava ele,
era para ser
levada a sério.
|coração partido|
doía dor igual
ao parar do relógio
sem tempo,
tudo era eterno
a tragédia de si
lhe comovia a tal ponto
que já não esperava nada
com amargura,
via a vida cinza de cor
inerte,
julgava ser
o mais injustiçado
dos homens.
|moribundo|
do canto do olho
olhava o mundo
ressabiado
andava vagaroso
nervoso
sem direito de ser
tinha quatro sonhos:
reconhecer o espelho,
ouvir sua própria voz,
erguer-se com seus pés
e verdadeiramente despertar.
domingo, 11 de setembro de 2011
|entendimento|
menino,
fazia-se todos os dias
rapaz,
aprendeu o nome das coisas
velho,
fez questão de desaprender
para voltar a fazer-se.
|riqueza|
tem uma flor lá fora
pequenina, pequenina
ela balança com o vento
ela se deita com a água
mal recoberta de terra
ela espia diminuta
a grandeza de tudo
a flor é tão nada
no tudo gigantesco que há
que de tão insignificante
significa justamente a complexidade de tudo.
pequenina, pequenina
ela balança com o vento
ela se deita com a água
mal recoberta de terra
ela espia diminuta
a grandeza de tudo
a flor é tão nada
no tudo gigantesco que há
que de tão insignificante
significa justamente a complexidade de tudo.
|repetição|
pequenos incômodos
de um mundo gigante
tempestades de vínculo
das mãos que se dão
fez-se que o outro
é tão diferente
da gente
e lá trás a gente pensa
que lá na frente
tudo passará.
de um mundo gigante
tempestades de vínculo
das mãos que se dão
fez-se que o outro
é tão diferente
da gente
e lá trás a gente pensa
que lá na frente
tudo passará.
|desfecho|
têm coisas que são assim:
nos aumentam
têm coisas que são assim:
não se aguentam
têm coisas que simplesmente
ficam
têm coisas que simplesmente
passam
têm coisas que reconhecemos
como um pedaço encontrado
daquilo que sonhamos ser.
nos aumentam
têm coisas que são assim:
não se aguentam
têm coisas que simplesmente
ficam
têm coisas que simplesmente
passam
têm coisas que reconhecemos
como um pedaço encontrado
daquilo que sonhamos ser.
|existir|
dentro de coisa
dentro de fora dentro
bem lá no centro
da coisa dentro
de mim
fora de coisa fora
de fora coisa
de mim
é assim o manuseio da alma corpo
do corpo alma de mim
vida é coisa louca
assim
dentro de coisa fora
de coisa dentro
que rodopia
em mim.
dentro de fora dentro
bem lá no centro
da coisa dentro
de mim
fora de coisa fora
de fora coisa
de mim
é assim o manuseio da alma corpo
do corpo alma de mim
vida é coisa louca
assim
dentro de coisa fora
de coisa dentro
que rodopia
em mim.
|o amanhã é bom|
tinha lá na frente
um sonho que plantei lá trás
mas o sonho saiu correndo
e fiquei sem saber mais
dei voltas procurando
o sonho que perdi
procurei e procurei
mas não teve jeito de encontrar
é que um novo sonho
já ocupava o seu lugar.
um sonho que plantei lá trás
mas o sonho saiu correndo
e fiquei sem saber mais
dei voltas procurando
o sonho que perdi
procurei e procurei
mas não teve jeito de encontrar
é que um novo sonho
já ocupava o seu lugar.
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